28 de março de 2016

28 de março...

Cadê você?

Onde está você que não respondes?
Quando vou ouvir seus conselhos novamente?
E suas reclamações ponderadas?
Ou seu modo surdo de desaprovar...
Onde está seu sorriso de felicidade ao me ver?
Quando vou provar o pudim que você só fazia com amor?
Ou lhe ver me acordando para ir pra aula?
E separando os quitutes quando eu não chegava?
Ou na madrugada sentada no pátio me esperando?


Onde está você?
Que não me esperou chegar pra despedida...
Onde você deixou seu insubstituível modo de ser?
Porque me deixastes para lacrimejar ao pensar em ti?
Porque me deixastes desejando mais e mais de ti?
Trocaria dezenas de noites bem dormidas por um carinho teu
Substituiria anos de felicidades por uns minutos a mais contigo...
Hoje só posso dizer: quanta ainda falta fazes...

Tivesse eu a visão atual desta perda
Não teria saído tão cedo de teu lado
De teu regaço.

Se pudesse retornar no tempo
Eu voltaria pra casa
Para provar teus quitutes simples
Para passar as mãos nas tuas
Para te admirar.

Queria te te beijado mais...
Queria ter te abraçado muito mais...
Queria ter sido mais companheiro...
Queria ter sido mais filho teu, mãe.

Sempre soube que esta perda seria dolorosa.
Por isso aprendi que Saudade é o Amor que Fica!
Por isso anualmente me "queixo" de tua ausência aqui.
Eternamente...
Mãe...

(Republicado parcialmente por não encontrar as palavras)

2 de março de 2016

65° Dia da Humanidade

Escolhi este dia para declarar o Dia da Humanidade por ser o dia de meu aniversário.
Por ser hoje o dia em que vou reclamar mais ainda.

Não, não vou reclamar mais...

Afinal, já são 65 anos de vida.

Vou viver este dia como nenhum outro em que vivi.
Vou aproveitar para respirar o ar puro, sem fumaças das fábricas, sem nenhuma poluição.
Vou tomar banho de rio, enquanto não há poluição mercurial, não há disposição de lixo fluvial, não há sedimentos em suspensão, enquanto há vida na água do rio Tapajós.
Vou subir em uma árvore para sentar lá em cima e apanhar uma fruta fresca.
Vou sair pra pescar, como em um dia longínquo e chegar somente no fim da tarde, com nada nas mãos, mas com a felicidade de ser livre estampada em meu rosto.
Vou sonhar de andar na carroça de boi do Manduca, como o fazia na minha infância feliz em Santarém.
Vou jogar uma "pelada", com liberdade juvenil, como fazia na praça Rodrigues dos Santos todas as tardes com meus colegas. E correr da "justa" que sempre queria levar a bola.

Quero, de volta, escavar as "caretas" pra vender prum colecionador.
Quero, de volta, ir pra Vera Paz, nadar até a Coroa de Areia...
Quero, de volta, ir pro arraial da Conceição, encostar na Garapeira Ypiranga e ficar esperando o tempo passar...
Quero, de volta, ir pro vesperal do Cine Olimpia, trocar revistas em quadrinhos com a molecada...
Quero aquela mangueira, na esquina do cemitério, onde ficávamos paquerando as meninas lá do Santa Clara...
Quero lembrar do Irurá.
Quero a Fuluca de volta...

Hoje vou ser feliz, não importa que os devastadores de florestas estejam em ação, não importa se as mineradoras poluam, não importa se o poder público não recolhe o lixo ou não constrói um aterro sanitário, não importa se há cada vez mais injustiça social no mundo.

Hoje vou chorar de saudades de meu pai e de minha mãe.
Vou lembrar de meus irmãos e irmãs. De alguns mais que de outros.
Vou lembrar com prazer de todas as minhas ex-namoradas e das ex-esposas, que tanto me ajudaram a "crescer".
Vou rir de alegria por ter amigos. Poucos, mas amigos.
Vou relevar àqueles que esqueceram de mim.

Vou ser mais feliz por ter tantas filhas que me chamam "Oi, velho!" ou "Oi, paizinho!" ou que não falam nada. Só demonstram...

Vou tomar mais 65 cervejas que nos outros dias comuns.

Hoje é o 65° Dia da Humanidade!